terça-feira, 24 de abril de 2007

As obras

"A palavra obra tem como sentido geral um trabalho realizado ou a realizar. Em engenharia se utiliza a palavra obra para designar um projeto executado ou pendente de execução. Uma obra civil é um conjunto de actividades nas quais se altera a aparência, estrutura ou forma de uma edificação ou parte dela." Wikipédia
Acho que no caso de Portugal seria pertinente acrescentar a esta definição o seguinte:
"Em engenharia (em Portugal) utiliza-se a palavra obra para designar um projecto para sempre mal executado ou para sempre pendente de execução, ou ainda para sempre em reparação. Uma obra civil é um conjunto de actividades lentas, sem organização ou estudo prévio, nas quais se altera a aparência, na maior parte dos casos para pior, a estrutura para outra indubitávelmente mais fraca ou forma de uma edificação ou quase sempre apenas parte dela."
Na generalidade das coisas gosto da mudança, da evolução e do progresso; até nas coisas mais supérfulas como um computador sem fios e uma internet que se pode ligar em todo o lado. Agradam-me as multifunções dos telemóveis e só tenho pena que determinadas coisas não evoluam mais depressa. Só eu sei o jeito que me dava uma empregada robô, em full-time e a quem não fosse preciso pagar ordenado.
Mas tenho uma antipatia crescente por todo o tipo de mudanças que se traduzem à posteriori em malefícios para a humanidade e que interfiram de uma forma prejudicial na vida e saúde de cada um. Deixando esta antipatia de mais alto valor de lado por uns momentos, tenho vindo a reparar, que tenho uma antipatiazinha de estimação relacionada com a demolição de edifícios antigos, com história, com um passado. Este sentimento mesquinho alastrou para outros departamentos, tais como obras estúpidas dentro da cidade.
De obras quase ninguém gosta, é a mais pura das verdades. Fazem barulho, há pó por todo o lado, dão cabo da rotinazita, desinquietam e incomodam.
Para mim, darem-me cabo da rotina é maravilhoso, até porque é palavra pela qual tenho muito, mas mesmo muito pouco apreço. E o barulho e as partes incomodativas são suportáveis se olharmos um pouco mais longe e constatar que afinal toda a parafernália até valerá a pena perante um bom resultado.
O que não é compreensível para mim são obras das quais não resultam coisas positivas. Haverá com toda a certeza mentes iluminadas na Câmara Municipal da cidade onde resido.
Considero que é preciso haver regras para que seja possível convivermos de forma mais ou menos pacífica com o próximo. Também não sou anarca em termos de sinalização, mas confesso a minha falta de visão em determinados pontos. Até que ponto o exagero do empenho nacional para que se cumpram à força as regras de trânsito nos trará algo mais ?
Na minha maneira simples de ver as coisas, as obras feitas para serem plantados semáforos de 50 em 50 metros são más. São más porque os ditos semáforos vão gerar mais trânsito, e mais trânsito, até chegarmos onde estamos (e falo apenas da cidade de Almada). Já só consigo utilizar duas velocidades, a primeira e a segunda. Nos dias em que utilizo a terceira, sinto-me uma rebelde e sim, confesso que já me tenho apanhado a utilizar a quarta sem qualquer pudor.
As obras feitas para que presentemente existam uma quantidade fabulosa de rotundas por metro quadrado não me parece que em tempos futuros fará fluir o trânsito, ou facilitar acessos. Mas tem facilitado, sem dúvida alguma, o número bárbaro de acidentes nesta localidade. Também não são lógicas para mim as obras que transformam quatro vias em duas só porque sim, e o corte de todas as árvores boas para as substituir por árvores cujo pólen tem feito as maravilhas da sala de urgências do Garcia de Orta. E obras para retirar todo e qualquer estacionamento aos moradores da cidade, por causa do metro e deixá-los sem alternativas de estacionamento? É que até a EMEL, mesmo explorando alegremente e sem travão, tudo e tudos, se preocupou em fazer parques como alternativa ou deixar os que já existiam.
Terei eu tanta sorte que algum erudito neste tipo de questões, tropeçe neste blog e me esclareça?

Nenhum comentário: